07 março 2010

Maus hábitos

Preocupa-me o facto de muito se falar na crise, muito se falar no atraso estrutural e competitivo de Portugal em relação aos demais companheiros Europeus, mas nada, ou quase nada, ser feito para eliminar alguns "tiques", ou melhor dizendo, maus hábitos, que nos conduziram a este estado actual.

Há comportamentos enraizados na nossa sociedade, em particular nas empresas, que contribuem de maneira significativa para esta situação. Hoje, gostaria de enfatizar aqui um deles que, penso eu, é bem demonstrativo da forma errada e enviesada como nós nos gerimos e/ou somos geridos.
Seja em que profissão for, em particular em áreas onde se costume fazer reuniões de acompanhamento dos trabalhos, há um hábito à muito instalado, de se fazer uma reunião de ponto de situação à sexta-feira. Serve normalmente essa reunião para se aferir do que é que foi feito durante essa semana e, na maior parte das vezes, encontrar culpados para o que eventualmente tenha corrido menos bem nesse período de tempo. Há décadas que isto é assim e os resultados estão à vista, a esmagadora maioria das nossas empresas não são competitivas.
O que gostaria de ver acontecer neste ponto em particular, era a transferência da "reunião de ponto de situação (da 6ª feira)" para a "reunião de definição de estratégias para a semana de trabalho (de 2ª feira)".
É que em vez de andarmos todos à caça das bruxas na 6ª feira, perdendo umas boas horas de trabalho e criando condições para que muita gente passe o fim de semana com azia, teríamos muito mais a ganhar se começássemos a semana a traçar metas e objectivos bem claros para a semana de trabalho que se avizinha, esclarecendo as pessoas sobre o que se espera delas para esse período de tempo e dando-lhes, inclusivamente, um factor motivacional extra que é o de saberem de forma clara e inequívoca o que têm para fazer e quais os resultados que deverão alcançar.

2 comentários:

Patrícia Grade disse...

Mas acontece que o rectângulo estreito não deixa ver para além do que existe.
Costumo encarar-nos como burros de palas, sendo que as palas são mesmo as nossas fronteiras.
Quando queremos parecer espertos, começamos a imitar os outros, na esperança de que o modelo deles de alguma forma miraculosa se converta também no nosso...
Essa história de se motivar o pessoal e mais não sei quê, parece-me um bocado revolucionário em demasia para o nosso pequeno país, mais interessado em fazer como "lá fora" sendo que o que lá fora se fez há décadas é que vale agora cá no rectângulo, porque isto as novidades correm depressa, mas aqui são bem mais tardias...

Quint disse...

A motivação do pessoal, ou dos recursos humanos como os nossos brilhantes gestores gostam de dizer, não se devia, não devia circunscrever apenas a reuniões onde normalmente o chefe debita e os acólitos abanam a cabeça que sim e fulminam qualquer um que pergunte!
Que dizer das falta de condições de trabalho?
Saberão os tais gestores o que é trabalhar dentro de um armazém, todo em chapa, com teares, onde o sol bate inclemente e levar para casa 350,00€?
E que motivação tem um operário desses?
E isto aplica-se também aos serviços onde o que se discute nas aludidas reuniões é coisa nenhuma!