07 março 2010

Rostos da (in)justiça

Nestes dias em que tanto se tem falado do Festival RTP da Canção e de todos aqueles que já representaram o nosso país além fronteiras, não posso deixar de pensar na canção de 2008, Senhora do Mar, maravilhosamente interpretada por Vânia Fernandes.
Lembro-me da esperança que, como eterna e fervorosa nacionalista, tinha naquela canção, lembro-me de ter lágrimas nos olhos quando ela a cantou e lembro-me de estar agarrada ao ecrã à espera do momento em que seria oficial a vitória de Portugal, a vitória da fantástica voz da Vânia. Mas não ganhou
Consequência directa, lembro-me do dia em que Susan Boyle foi notícia de telejornal: gozada pelo júri, deixou todos de boca aberta quando cantou daquela forma inesquecível. Lágrimas nos olhos novamente e um carinho maior por aquela já senhora que daquela forma bem-humorada encarou a má fé do júri. Esperou-se sucesso daquela voz. Mas, apesar de voltar a ser estrela quando foi pintada e se quis mostrar a diferença … desapareceu. Posso estar a ser tremendamente injusta e a julgar aquilo que só as próprias têm direito de julgar, mas a verdade é que este é um tema que me sensibiliza. A sociedade está programada para ser injusta, para discriminar aqueles que saem minimamente dos parâmetros perfeitos. E o pior é que as crianças já nascem com esta mentalidade, aliás, já chegam ao Jardim de Infância, Primária, whatever, com este espírito. A história do miúdo que se suicidou por ser alvo de bulling… poucas são as coisas que conseguem envergonhar mais uma sociedade. Não há ensino como o do exemplo e se os adultos, supostamente responsáveis, não mudam as suas acções, como podemos ensinar às gerações futuras atitudes de responsabilidade social?
Como evoluir se não há educação?
A educação (…e a crítica construtiva…) é a base da evolução. Por isso me tira tanto do sério ouvir as pessoas mais velhas dizerem mal dos jovens. Primeiro são menos os jovens que personificam esta má fama do que aqueles que têm realmente um propósito de vida também social; e segundo, os jovens são filhos da geração anterior e estão educados pelos exemplos dessa.
Já divaguei por uma série de temas, mas a mensagem que me está a matraquear na cabeça é a mesma para todos: ninguém nasce ensinado, todos aprendemos com aqueles que nos precedem; não esperemos que seja a geração futura a tapar os buracos que nós deixamos, vamos nós esforçar-nos para não deixar buracos, para reforçar os valores que nos unem e que nos fazem caminhar para o 5º Império de que falava Fernando Pessoa no êxtase do seu brilhantismo. Vamos trabalhar juntos e ser sociedade, uma floresta com árvores distintas que trabalham conjuntamente para um mesmo objectivo. Deixemo-nos de individualismos que nos fazem negar os nossos erros e prejudicar os demais. Sejamos uno.

2 comentários:

Quint disse...

Importaria começar por destrinçar claramente entre instrução e educação; isto porque aquela é com a escola e esta devia ser com a família.
Contudo, logo aqui nos surgem enormes confusões e intervenientes a demitirem-se do seu papel.
As famílias, muitas, demitem-se do seu papel de transmissores de valores, padrões e referências comportamentias.
A escola, de tanto insistir em ser inclusiva e democrática, anarquizou-se e cada um dos que lá têm um papel procura apenas cuidar do que mais lhe interessa, sendo o elo mais fraco quase sempre os alunos abandonados à sua sorte no que concerne a instrução e educação.
Se não bastasse, hoje são mais os acomodados e preguiçosos que os rebeldes com causa.
Todos querem o melhor deste mundo para si, olvidando que há sempre mais alguém!

Tite disse...

Gostei do post da Celina e do comentário de Ferreira-Pinto.

Devo acrescentar que não me sinto responsável pela educação dos meus netos já que os meus filhos são criticados pelas suas mulheres sempre que estes tentam corrigir os seus erros. Até nós, Avós, somos obrigados a auto-censurar-nos antes de corrigir os seus defeitos de educação se quisermos continuar a ter acesso aos netos.

Em que geração é que está o erro?

Na actual que acha que assim demonstram mais amor aos seus filhos. Puro engano... amar é também saber dizer não.

Gostei de andar por aqui, Juventude!