18 março 2010

Parlez vous portuguese?

Tenho vivido tranquila na minha crença de que a glória de um povo passa pela sua língua materna. Tanto assim é que desprovidos da nossa independência financeira, monetária, política, nos orgulhamos de falar no bom e vernacular português, olhando com ternura até aquele português que trabalha pelo mundo fora e vai introduzindo nos dialectos locais o vocabulário tuga...

Eis senão quando Sócrates o poliglota, Barroso o cosmopolita e quejandos, nos surpreendem com seus ingleses técnicos e facilidade vocabular, fluidez de discurso em línguas estrangeiras, em toda a parte, em tudo o que é fórum internacional, expandindo assim a teoria de que português que é português, para além de bem falante, é também... digamos... pouco patriota? Será esta a ideia?

Bem, vejamos o exemplo do recente Acordo Ortográfico... Qual o seu propósito? Aproximar-nos do português do Brasil, fundamentalmente! Afinal, para quem não tem dificuldade em exprimir-se em espanhol, francês, inglês e outras que tais, o que é isso de português do Brasil?

E disto tudo lá iam conseguindo convencer-me... até que...
Bem, até que ouvi o nosso "irmão" Lula da Silva, em Israel, of all places (e pronto, lá estou eu!), a mandar recados, bem dados diga-se de passagem, aos israelitas e demais Médio orientais, no BOM, MUSICAL E MAIS PURO PORTUGUÊS.

Juro que assim que o ouvi me deu vontade de gritar: "AH! TUGA D'UM RAIO! MOSTRA-LHES COMO É!" Até que me apercebi que ia ter de dizer brasuca d'um raio e isso tiraria à coisa todo o seu encanto...

16 comentários:

Pensador disse...

Pois saiba que um dos argumentos mais usados pelos opositores da candidatura Lula, em especial no primeiro mandato foi "Como ele vair representar o Brasil no exterior, ele mal fala o português, que se dirá o inglês e outros idiomas"...

Unknown disse...

eheheh, é tão bonito ser-se pensador, não é?
É que podemos todos entender as coisas à nossa maneira...

Quint disse...

Tenho e nutro grande amor pela língua pátria. Procuro, dentro do que me é possível e atendendo aos meus conhecimentos, tratá-la com o desvelo que ela merece. Afinal, a ditosa já deu ao mundo considerando a lusitanidade de aquém e além-mar Camões, Pessoa, Eça, Torga, Vergílio Ferreira, Saramago, Amado, Erico Veríssimo, Mia Couto, entre tantos.
Não asseguro que aqui e ali a respectiva gramática (a que eu aprendi, que agora anda por aí outra que nem faço a menor das ideias do que seja) não leve um trato de polé, mas esforço-me.

Mas, apesar desse amor e desvelo, não vejo que uma pessoa como Durão Barroso, na qualidade de Presidente da Comissão da União Europeia, não possa dirigir-se nas suas alocuções públicas numa outra língua oficial da U.E.
Diferente é o caso de Sócrates que, além de falar pessimamente mal Inglês, é Primeiro-Ministro do Governo da República Portuguesa, cuja língua oficial é o Português.
Nesse caso, acho que qualquer dignitário da República Portuguesa se deve dirigir nas suas alocuções oficiais na língua do seu país.
É de bom-tom, faz bem ao orgulho pátrio e mostra que até podemos ser pequenos e pobres, ou até um dos PIGS, mas que temos História e Raça!

Patrícia Grade disse...

Pois é meu querido FP, mas acontece que já quando era nos Primeiro, o Barroso tratava a língua pátria como indesejável nos assuntos externos...
O Sócrates então nem se fala. É que para falar mal as outras línguas como ele fala, mais vale falar o português mesmo!

Patrícia Grade disse...

Pensador, Lula da Silva até pode usar a lingua materna por desconhecimento da estrangeiram mas o que é facto e como diz aqui o nosso amigo FP, é de bom tom e revela raça e orgulho na História do seu povo, um chefe de Estado se expressar seja onde for, na sua própria língua.
Nunca ouvi um francês escolher a lingua inglesa para se fazer entender, ou um espanhol tentar falar o português em Portugal...

Chamem-me picuinhas...

Quint disse...

Ó picuínhas Indomável, tinhas de vir com a história do Barroso a Primeiro ou nas Necessidades ... ::)))

Mas, mesmo aí, e como eu sei que és moça fina como o coral, a minha teoria continua a bater certo; devia falar Português.

Patrícia Grade disse...

Agora resta a outra dúvida meus amigos... Será que o Sócrates fala noutras línguas por o português ser língua demasiado complicada para ele?

Quint disse...

Má língua que a menina é, Indomável!

O homem até se desenrasca bem no Português, precisava apenas de abandonar aquele tom monocórdico que logo nos transmite a ideia que não acredita em metade do que diz.

Patrícia Grade disse...

pois, mas a questão é mesmo essa...
Sócrates mente bem o português, falar não é bem a sua praia, partindo do pressuposto que para falar bem uma língua há que saber ouvi-la bem também...

Quint disse...

Ó menina Indomável mas isso é transversal a todos, não?

Unknown disse...

pois é, transversal a todos, mas acontece que, como dizia o tio do homem-aranha (eheheh) um grande poder acarreta também uma grande responsabilidade.

Quint disse...

E, senhor Paulo?

Unknown disse...

oh! Desculpa lá, estou no mail da empresa...

...E quem tem maior responsabilidade que os representantes do país?

Sim, sim, tinhas razão e eu estou a fazer-te uma vénia!

Indy

Quint disse...

Hein?
O Paulo és tu Indomável?

Pensador disse...

Indomável,
Eu concordo que o primeiro representante de um país, qualquer que seja este país, deve mesmo pronunciar-se em sua língua materna, independente do domínio que possua sobre outros idiomas. Se, depois do mandato, o mesmo sujeito for como turista a outro país, é problema dele o idioma que vai usar. Mas enquanto representante de seu país, deveria sempre usar o idioma oficial de seu país. Do contrário, não seriam necessárias eleições, bastaria assumir o candidato mais poliglota.

Eduardo Miguel Pereira disse...

Muito bem "postado" Indomável, de facto menosprezar a própria lingua, é menosprezar todo um país, toda uma história.
E não penso que Portugal tenha motivos para se envergonhar da sua história, e muito menos da sua lingua.
Mas estas atitudes dos Durões e dos Sócrates, mais não são que a subserviência que ambos prestam aos seus "patrões" Europeus. Durão já lá tem tacho, e Sócrates, que de parvo não tem nada, já deve estar a preparar salto idêntico.