24 março 2010

Perguntas (se calhar) parvas

Considero que a instrução é a base da liberdade; individual e colectiva. Por isso, acho bem que a escolaridade obrigatória seja de 12 anos, conquanto também considere que o sistema devia procurar separar vocações. Isto é, quem quer estudar para ir para a Universidade, por exemplo, seguia a via de ensino; quem não acha grande piada aos estudos ia para a via profissionalizante estudando e trabalhando, por exemplo.
Mas se o ensino é obrigatório, nas visitas de estudo apodadas de obrigatórias pela escola quem paga o transporte e a alimentação sou eu? E porque não posso deduzir tudo o que gasto com a educação das minhas filhas numa escola pública?

10 comentários:

Fenix disse...

Olá!
Este post recordou-me um livro que li há 2 anos, cuja autora é uma jornalista do Le Monde (não recordo o nome) sendo a publicação de 2000. Nesse livro ela aborda a crise que já então se começava a instalar, e reprovava o ensino profissionalizante, dizendo que este era direccionado para os filhos dos operários, que por sua vez se iriam tornar operários, com toda a carga negativa que isso implica, uma vez que não terão acesso a disciplinas tais como a Filosofia, por ex. que os "ensine" a pensar e a questionar a sociedade, aprendendo apenas a ser fazedores de coisas. Ora isto, segundo ela, é uma discriminação, porque os filhos dos mais favorecidos terão uma educação qualitativamente superior, o que lhes vai dar vantagens sobre os outros e assim se vão criando cidadãos de 1ª e de 2ª (apesar de mais anos de escolaridade, nos filhos dos operários)!

António de Almeida disse...

E porque não há-de deduzir todos os gastos com a educação, seja a escola pública ou privada? Não esquecer que o Estado não suporta os custos, das infra-estruturas ao corpo docente, passando por auxiliares, dos alunos do sector privado, reduzindo aí alguns custos. Isto seria a meu ver um mal menor, o ideal seria não existirem deduções, mas uma flat tax, aplicável a todos os rendimentos, mas deixemos isso para outra altura. Naturalmente sou contra a escolaridade obrigatória, a palavra proibida é mesmo OBRIGATÓRIA, o Estado não tem, não pode ter o direito de OBRIGAR alguém ao que quer que seja, sob pena de transformar alguém naquilo que não quer. Entendo o Estado como algo que a sociedade encontrou para servir um conjunto de indivíduos com um denominador comum. Não somos nós que à nascença temos obrigações para com o Estado, sob pena de sermos servos, mas precisamente o contrário, o Estado deve existir para garantir o meu direito à Liberdade, à vida, à segurança, à Justiça, nada mais, o resto tenho de ser eu a fazer por mim, se quero e como quero...

Anónimo disse...

Muito bem!!!!

Quint disse...

Cara Fenix aceito que essa teoria possa ter algum fundo de verdade, mas não completamente.
Admito que quem tenha poder económico possa ter mais condições para proporcionar meios, recursos aos filhos para adquirirem mais instrução, mas conheci belíssimos alunos que provinham de famílias modestas.

Não vejo que o ensino profissionalizante seja menos importante ou forme pior. Conheço escolas profissionais que têm um grau de exigência superior ao das escolas públicas.
Quanto às matérias curriculares têm disciplinas comuns às da via de ensino com a vantagem que na parte prática têm até estágios em ambiente de trabalho. Nalguns casos, graças a protocolos de cooperação e candidaturas a fundos comunitários, têm acesso a estágios no estrangeiro!

Seja como for, a ideia que eu defendia ali tinha mais a ver com a vocação. O que exige, obviamente, que o rigor e grau de exigência aumente exponenciamente. A partir daí, quem não tivesse aproveitamento, tivesse problemas de indisciplina ou falta de vocação para a via de ensino era canalizado para outras formas de ensino.

Quint disse...

Caro António de Almeida para eu admitir que o Estado deixasse deduzir todas as despesas, fosse na escola pública ou na privada, primeiro teríamos de ter as escolas privadas sem contratos de associação em que recebem do Estado e cobram propinas exorbitantes!
E em vez disso, passaria o valor entregue às escolas por aluno a ser "entregue" às famílias mediante indicação destas de qual a escola em que queriam os filhos a estudar. Isto é, eu dizia ao Estado que queria as minhas filhas na escola pública Z ou no colégio Y e o Estado, em função disso, entregava o meu cheque-educação a essa escola!

Quint disse...

Ó Rui Figueiredo tu imagina que, por exemplo, na sexta-feira as minhas filhas vão às 5 da manhã para Lisboa participar numa visita de estudo obrigatória à Assembleia da República.

Paguei 20,00€ por cada uma para transporte e ainda tenho de entrar com dinheiro para o almoço; a brincadeira fica-me, no mínimo, por uns 70,00€. E isto para uma visita de estudo ... obrigatória!
Mas depois, no IRS, só me deixam descontar um certo montante das despesas que tive com educação.

E tive de ser eu a pedir à escola que me mandasse o recibo das quantias pagas com matrícula e afins; quer dizer, se eu não digo nada, o Estado não emite recibo duma verba que recebeu!

Pensador disse...

A educação é a base da liberdade e da reivindicação dos direitos pelo cidadão. E é por isto que aqui se investe tanto em fingir que se dá alguma educação ao povo, quando na realidade se acaba com ela.
Você reclama de não poder deduzir as despesas que tem na escola pública? Aqui nem mesmo na particular se pode deduzir mais que uma parcela ridícula do total gasto em mensalidades...

Quint disse...

Está a ver Pensador, está a ver? Afinal, os governos andaram foi mas é todos na mesma escola ... acho que se chamava Escola de Ali Babá e os Quarenta Ladrões!

Daniel Santos disse...

quando eu andava no secundário era mais ou menos assim. na altura segui o técnico.

Quint disse...

Pois, Daniel, eu tenho ideia que sempre foi assim, mas acho que está mal. Muito mal mesmo!