07 abril 2010

Hoje sinto-me.... Indisposta.

Hoje ao almoço vi uma notícia que me deixou indisposta até agora… o salário médio nacional é de 1000€… o que não é muito! Mas eu acabei de sair da Páscoa Jovem… 3 dias em que um dos pontos altos é a Oração Junto à Cruz e na qual as pessoas partilham as suas próprias cruzes e as daqueles que amam: ninguém fica indiferente à partilha das pessoas ao nosso lado que falam de problemas tão grandes e dos quais nos esquecemos em prol das nossas ninharias. Assim, quando ouvi esta notícia lembrei-me delas, lembrei-me das pessoas que já visitei nas Campanhas de Natal da minha escola em que distribuímos alimentos por famílias pobres do concelho, lembrei-me das histórias de miséria que ouço todos os dias… de pessoas que não recebem metade disto. Eu sou uma idealista e não posso evitar emocionar-me ao escrever isto, mas pergunto-me onde estão os valores desta sociedade? Quais as vantagens destas ideologias egoístas? Onde está a felicidade em ascender com a ruína à nossa volta? Onde está a humanidade dos Homens? Oh eu não queria ser emotiva mas… no século da fast food, ainda há gente a morrer de fome… dá para perceber?

14 comentários:

Manuela Araújo disse...

Parabéns Celina, pelo que escreveste, e por seres como és!
Se 10% da população pensasse e agisse como tu, o mundo estaria bem melhor, pois talvez conseguissem contagiar uma grande percentagem. Haverá sempre é uma pequena percentagem irredutível, a tentar fazer o contrário!
Valha-nos a esperança na juventude!

Celina disse...

:D Obrigada :D Eu até estou "a modos que" a sentir-me mal por ter publicado isto (espero que o patrãozinho não se chateie :D), mas estas coisas mexem muito comigo... custa-me ver uma sociedade que por um lado se vangloria da sua evolução, mas por outro é tão retrógrada e primitiva. Há coisas que simplesmente não entram na minha cabeça...

Pensador disse...

Celina, há alguns anos, aqui, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, idealizou a "Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida". Ele gostava de contar uma fábula como metáfora do que pretendia com a ação:
Houve um incêndio na floresta e enquanto todos os bichos corriam apavorados, um pequeno beija-flor ia do rio para o incêndio levando gotinhas de água em seu bico.
o leão vendo aquilo, perguntou para o pequeno beija-flor:
- Oh, beija-flor, você acha que vai conseguir apagar o incêndio sozinho?
Ao que o beija-flor respondeu:
- Eu não sei se vou conseguir, mas estou fazendo a minha parte.

Que todos possamos ser beija-flores!

Zé Povinho disse...

O crescente individualismo induzido pelo apelo crescente do sucesso, faz com que muita gente ignore o que se passa ao nosso redor. O voluntariado é uma experiência enriquecedora que nos ajuda a sermos mais humanos e conscientes.
Abraço do Zé

Celina disse...

Conheço a fábula, Pensador, é sem dúvida uma enorme lição. Pena que sejam muitos os leões que olham, se interrogam, mas seguem adiante não seguindo o exemplo.

Celina disse...

Subscrevo por inteiro, Zé Povinho :D Eu própria faço voluntariado numa Casa de Saúde Mental da Instituição de S. João de Deus e posso dizer que mudou a minha vida. Adoro-os e já não consigo passar muito tempo longe dos "meus utentes" :D Nem todos os meus colegas gostaram da experiência, a maior parte acabou por sair, mas acho que todas as pessoas têm um sítio onde podem pôr as suas capacidades ao dispor do outro. Desistir por completo não procurando alternativas não devia ser opção. Mas claro... deixar-se tocar é um dom.

Anónimo disse...

Celina....em GRANDE!!!!!

Tite disse...

Celina,

Como eu te compreendo!!!!
Já fui jovem como tu e tinha, também eu, forte ideiais. Lutei por eles e hoje... nem imaginas como nalguns casos de arrependo.
Ou talvez não!!!

Aproveita a tua juventude para lutares pelos teus ideiais pode ser que também não te arrependas.
Arrenpendimento só se for por não lutar por algo em que se acredita.

Abraços

Celina disse...

Churchill disse: não me arrependo da acção, apenas da falta dela. No início achava uma coisa estúpida de se dizer, depois comecei a perceber que ele tinha realmente razão, que não nos devemos envergonhar de ter tomado uma posição e de ter "fincado o pé" segundo aquilo em que acreditamos. Eu tento fazer isso seguindo o que Fernando Pessoa disse:

Para ser grande, sê inteiro: nada
teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim, em cada lago a lua toda
Brilha porque alta vive.

Claro que é difícil e que nem toda a gente compreende, a minha forma de ser não me trouxe só amigos ;D Mas acaba por compensar; eu pessoalmente sinto-me melhor comigo mesma por defender aquilo em que acredito. A reacção das pessoas pode magoar, mas no fundo o que importa é a nossa própria reacção. Não se pode agradar a gregos e troianos.

Tite disse...

FORÇA Celina!

Joana disse...

É deveras incrível verificar que no séc.XXI algumas realidades permanecem constantes, principalmente em termos negativos.
Uns pecam por excesso, outros por necessidade.

Fernando Teixeira disse...

Olá Celina. Li, reli o seu texto e pensei, o que hei-de dizer a esta amiga!... Celina me desculpe mas vou pegar na resposta do "Pensador"
É a melhor resposta que encontro. Você é, foi um beija-flor. Cumpriu com o seu dever não só como cidadã mas acima de tudo como uma crente em Deus. Agiu tal e qual com as emoções de momento, natural, com os sentimentos à flor da pele.
Espero que o seu acto generoso seja bem entendido por cá e que alguns a consigam imitar.
Já dizia Raul Solnado. Façam o favor de serem felizes! Eu acrescento, façam o especial favor de abrir o coração todos os dias quando se levantam e perguntar. Quem precisa um alimento neste momento?

Celina disse...

Olá, Joana. É realmente gritante o tamanho do fosso entre ricos e pobres e, pior, o facto deste apenas se alargar. Por vezes é desmotivante ver que o podemos fazer não chega, mas enfim cada migalhinha de serviço ao outro conta =)

Celina disse...

Olá Fernando :D Em primeiro lugar tenho que lhe pedir que me trate por tu... ainda nem maior de idade sou! xD E faz-me confusão ser tratada na 3ª pessoa...se não se importar, prefiro o tu :D

Quanto ao comentário, agradeço, naturalmente, a simpatia das palavras. A última questão fez-me reflectir sobre o tipo de alimento que as pessoas procuram: por vezes aquele sorriso gratuito alimenta muito mais do que possamos imaginar. Eu sinto muito isso no meu voluntariado principalmente com os utentes mudos em que a conversa se traduz em sorrisos. Ainda assim, a alegria deles não podia ser mais notória. Por vezes aquele pequeno gesto faz a diferença: como diria Madre Teresa de Calcutá, o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria mais pequeno.